domingo, 24 de agosto de 2008

Evorada




Entristeço-me, porventura, vezes demais com o quotidiano ameno do nosso país;
Todos começámos pequenos e terminámos mortos, tão prosaica, velha e rota verdade;
O destaque surge no entrementes, em boa concretização do adágio popular: “No meio está a virtude.”;

Nesse imenso espaço, maior ou menor, histórias de vidas:

– Hoje, Évora, Nélson Évora. Começou pelo salto em altura, magoou-se no joelho, ainda júnior, e contornou mascaradas impossibilidades, praticando o salto em comprimento e o triplo salto. Aportou agora neste último e aportou logo no mais magnânimo barco de todos, o Olímpico.

Assim se conquista, meritoriamente, a imortalidade da lembrança colectiva de Portugal e do Mundo; são já muitas as suas conquistas e largo o planetário reconhecimento. Com a marca olímpica de 17,67 metros, Jonathan Edwards e os seus 18,43 m estão ainda algo distantes, mas nem por isso intangíveis, fosse lá, por ridículo raciocínio, parar quem nunca o fez, quem Évora é.

Em português nu: “Venha quem vier, só Lopes, Mota, Ribeiro e Évora fizeram entoar e entrar nos ouvidos de todo o Mundo a “Portuguesa” e, FODA-SE, não há nada maior, no que tange ao impacto mundial global (as audiências televisivas comprovam-no), que os Jogos Olímpicos.

Acrescento, em nota final, o carácter do atleta e do meio que o envolveu: simples, muito humano, perseverante, sofredor, quente, divertido e certo na hora do rigor. Não abdicam, quer o atleta, quer o seu treinador da descontracção, do gozo, do divertimento no trabalho, afinal, tão secular segredo do êxito, quando acompanhado do labor diário intenso, ainda que, certos dias, aparente ser improdutivo.

Vénia para eles, atleta e seu treinador Ganço.

Sobre esta onda de insatisfação colectiva quanto aos demais atletas, censuro somente a Telma Monteiro por ter culpabilizado a arbitragem pelo seu insucesso, tão fácil a um desportista vencido e nada credibilizador da ideia que tenha dado todo o seu máximo… Falhar, falhamos todos: ninguém, certamente, mais triste do que ela.
Ademais, é generalizado este jeito português de espelhar em si o êxito dos outros, esperando que esses o conquistem e, misteriosamente, o repartam para alegrar a mediania colectiva… Há dias, com particular atenção, dado que era dito em Espanhol, ouvia um anúncio promotor do que é ser Espanhol, protagonizado por Pau Gasol (basquetebolista Espanhol, com imenso êxito na NBA) que falava do bom que era ser reconhecido pelo seu trabalho, mas melhor destacava o bom que é catapultar o seu país no Estrangeiro, transmitindo uma mensagem de responsabilidade activa, na imagem e projecção da Espanha no estrangeiro, mas outrossim dentro de portas, terminando com a frase dirigida aos seus compatriotas: “Temos essa responsabilidade”. Nacionalismos à parte, melhor veríamos e melhor desfrutaríamos dos Jogos Olímpicos se simplesmente os acompanhássemos, sem querer que o Évora, a Naide, a Vanessa ou o Gustavo nos trouxessem uma medalha… Simplesmente apreciar como quem rejubila com o Phelps e outros heróicos actos ali praticados.

Faça-se Portugal feliz por cada Português, interiormente firmado e não à bolina de um qualquer vento externo do vizinho do lado.

P.S.: Por mais que odeie e verbere as histórias que nos chegam da comunista China, foram mesmo os melhores Jogos Olímpicos de Sempre, ao nível da organização e da espectacularidade que esta lhe pretendeu incutir, por mais que eles não merecem sabê-lo.

1 comentário:

Amândio Sereno disse...

E ninguém nos pode tirar o orgulho de poder dizer que em proporção (medalhas/ população do país) ganhamos mais do que os chineses.