sexta-feira, 18 de abril de 2008

MERCADO DA AXIOLOGIA DA VIDA

Há preços. Há bens de troca. Sempre foi assim, mesmo antes de haver moeda. Rejeite-se, em consequência, abominar o vil metálico ou o papel-moeda, em ambos os casos, a mesma coisa.

Sem culpa de nada, a economia e o dito dinheiro apenas objectivam simplificar a vida e a ideia de propriedade. Daí que uns quantos iluminados aplaudam o Comunismo, na sua democratiquíssima ditadura do proletariado e o fim da propriedade privada.

Não nos iludamos. Intrínseco à vida social na Terra está o sentimento de merecimento. De conquista para crescimento, para evolução – inumana tese em contrário.

De cabisbaixa expressão, sombreado pela altivez dos não errantes, resta abdicar e ser feliz. Em nós e nos outros. Em longa e lata guerra, por vezes perdida, morrerei de pé. Há preços.

domingo, 13 de abril de 2008

A ALMA

Inexiste no social. Há muito que pereceu, coabitando sem corpo o vasto mundo dos terráqueos. Se o soubessem, rotulariam-no de extraterrestre, aberração ou louco anómalo. É uma brisa, em forma de serpente, voluptuoso no seu movimento, sem com isso inspirar qualquer desejo, porquanto desconhecido (Gianna Nannini talvez o nomenclaturasse de “Meravigliosa Criatura”, forma bem elegante de o imaginar).
Pergunta-se se há-de desfazer a barba? E domar o cabelo? Adiantará? Vestir a camisola preta acima dos jeans justos, em vida femininamente elogiados? Ao som de um escape de carro potente, em aceleração na rua, investe no casual arranjo do seu corpo, contrabalançado com a roupa cuidada que exibe.

Sai. Em instante de tempo e aparte de assunto, plana por entre uma multidão de revoltados. Cumulam todos eles a qualidade de professores do ensino público, excepção se faça ao superior, e clamam, desajustados, medidas parcelares, deslocalizadas e, em muito nada, melhorativas da política da Ministra.

Foi a maior manifestação do todo sempre destes pedagogos (segundo um inquérito recente, são a classe profissional na qual os portugueses mais confiam), cujo desfecho foi um brilhante acordo na madrugada de sexta para sábado passado. Ademais e sobre isto, zero na evolução da educação em Portugal ou, em bondoso ajuizar, meio porcento de evolução: precisam-se de novos métodos.

Nestas alegadas meias vitórias, de horizontal permanência, nada se atinge que não a mera ocupação do tempo. Em verdade, em rigor de mente despida, ninguém se diz, sente ou mostra. Na perversidade da mente, o mais cru dos pensamentos é rejeitado, como se o absoluto, o ser, em só forma, fosse censurável… Olvidam a censura como significado que exige relação e olvidam, em consentâneo, aceitá-lo. Ele que só plana, não perturba e até alguém ama.
Suspiro!

terça-feira, 8 de abril de 2008

A BASE DE SER

Chegar e arrebatar; no instante de entrada, o reunir, aparentemente não cúmplice, de diversos olhares laterais. Na sua humana e vulgar mediocridade, duvida-se da bondade de tão fortes setas visuais, porventura assentes no colectivo momento e, por isso mesmo, nada fragilizadas no retorno daquele, numa infrutífera tentativa de reposta.
Assim badala a noite, ou o dia, num qualquer lugar de sedução; sempre se diga, para os mais incautos e inflexíveis, que a referida sedução não se circunscreve à heterosexualidade, mas a toda e qualquer relação humana. Tocará um Quaresma que, tão suavemente carrega, entre a relva, o sagrado esférico; atingirá um “parlamentar” Sócrates que, por mais questionado, contrariado, desmentido e errado sairá sempre vencedor nos, hodiernamente, debates quinzenais do nosso Parlamento; e concretiza-se na singularidade de cada um de nós com o outro, na beleza do olhar reflectido, da reacção à nossa acção, ainda que meramente intencional.
Em sã loucura, o espelho isolado de casa. Nós e só nós. Quietos ou agitados, mas apenas em nós. Sem mais. Gostar de rir, agitar, tropeçar, rebolar e cair, levantar, rodopiar e tornar em nada, como se nisso se esgotasse o belo do sorriso. Ser para não ter ou não chegar, apreendem-me? Percorro a música e nisso me resido, desvairando em pensamentos perdidos de puro divertimento abstracto e sorrio no fim, esperando o que venha, sem recear a chuva.