domingo, 30 de dezembro de 2007

FACTOS SEM ADVÉRBIOS DE MODO

1) Porta 65 (a inclusão deste tema aqui é da responsabilidade de incitações alheias que me pediram para dedicar umas palavras à problemática infra):

Termina dia 3 de Janeiro de 2008 o prazo para apresentação das candidaturas ao programa “Porta 65”, dedicado a regular os incentivos estatais (ou serão estaduais? é mesmíssima coisa Caros, sempre poucos, os incentivos, entenda-se) ao arrendamento jovem. Sem me dedicar ao estudo acerca dos critérios da concessão de tão desembaraçada ajuda, li em diagonal olhar que, embora atendendo ao tipo de habitação e respectivas assoalhadas, bem como à localização geográfica do prédio in casu, tais critérios são exíguos na atribuição desses mesmos auxílios.
Não consigo pronunciar-me com inteira distância nestas questões, pois embora me considere e propale a ideologia socialista [não a socratiana ou será socrática (porra, acho que é mesmo só a segunda forma), que faz lembrar, em parte, o Realismo Socialista)], visto que conceptualizo um Estado Intervencionista, não reúno elementos suficientes para considerar da necessidade do “apertar” de cinto por parte do Estado Português, outrossim, neste particular.
É bem plausível que pudesse, o país, ter continuado com mais lautas ajudas, todavia as SCUT’s não vão ser transformadas em locais de colecta, o que representa um grande esforço do país e de todos nós… Mais? Quero crer que o investimento público, um remédio sempre de prazo, cresça face aos anos anteriores, pena que sempre apenas com obras faraónicas…
E depois o que é que se atinge com o incentivo ao arrendamento? É certo que este último está demodé, mas isso resultou apenas do imenso incremento da facilidade no crédito bancário, o crédito à habitação… Não discutamos a primazia de um direito real sobre o outro, meramente de gozo (gozo porque se usa e não ridiculariza, não obstante isso sempre ser possível e poder motivar indemnizações porque o inquilino tem a obrigação de restituir a coisa no estado em que a encontrou, excepto, é claro, o que se perdeu com a normal fruição de tal imóvel – cfr. Cód. Civil); mas fica para trás, ainda que não completamente, a crise no sector do arrendamento…
Urge agora voltar em força à compra de casas, porque elas estão aí edificadas e o ritmo não é para parar… Facilite-se, pois, novamente os juros bonificados para os jovens e todas essas medidas estatais ou estaduais, mas sobre um direito real pleno, o maior de todos, o de propriedade.
Sem mais demoradas considerações, nesta matéria tolere-se o Governo; censure-se, de chicote, as constantes danças de pavão governamentais nas esquadras, nos tribunais, junto da Ordem dos Advogados ou do Sindicato dos Magistrados. Deixem-se de “conares” e trabalhem de acordo com o tão basilar princípio da separação dos poderes (três, na conceptuologia de Montesquieu).



2) Abroad:
Benazir Bhuto quinou ou, em bom rigor, foi quinada. Atentado terrorista? Sem dúvida, ordenado pelo Governo Paquistanês… Vi, à coisa de semanas, o líder desse auto-intitulado governo democrático, justificar o porquê do recolher obrigatório nas grandes cidades: essencial à efectiva concretização da democracia e evoluir do país. Brilhante. Conseguiu-o. Como? Não sei, mas em tamanha e hedionda lógica há espaço para tudo. Até para o Bin Laden entrar nesta história como responsável da morte. Não foi ou pode ter sido, eu não sou das Secretas, mas que choca mais uma morte, quase em directo, como esta, horroriza, sim. Ah e perante este crime político que fizeram os “Polícias do Mundo” (EUA). Nada? Não senhor, eles actuaram… Os EUA investem dinheiro na segurança do arsenal nuclear do Paquistão; digamos que o Paquistão é aliado dos EUA, na já secular estratégia norte-americana de presença junto dos seus rivais: China e Rússia. É o bastante por hoje.

domingo, 23 de dezembro de 2007

A bola

Em nótula prévia, gabar o meu país. Somos o melhor do Mundo. Em quê? Em ressurreições… O Bento XIV, embora por ora estejamos na quadra natalícia e não na pascoal Quaresma, deve olhar para nós e pensar: “Aquela pontita de terra é um paradigma dos ressuscitares.”
O Sport Lisboa e Benfica, afinal, ainda pode ser campeão, bem como os leões que já levam quatro vitórias consecutivas… Há uma semana atrás o título estava entregue à capital do trabalho (ah, isso foi noutros tempos) e o próprio Rui Costa já proferia frases do tipo “Temos de dignificar a camisola”, o que traduzido do futebolês, é qualquer coisa assim “Isto está perdido, mas para receber o salário temos de cumprir o calendário.”; porém, eis que aparecem todos relançados à conquista. Sim, a conquista do segundo lugar.
Não sou muito de aplaudir ou corroborar as frases dos outros, mas dizia o Mourinho, quando ainda em Inglaterra: “Ser campeão em Portugal é fácil”. É claro que ele pressupunha um mínimo de competência, que até sinto que o Professor Jesualdo tenha, mas, como já propalara em anteriores posts, falta-lhe a ousadia, a arrogância instrumental…
Posto isto, se no plano interno o F. C. Porto será campeão, já a nossa prestação na Liga dos Campeões encerra-me grandes dúvidas… Estes alemães do Schalke 04, não subestimados, serão facilmente ultrapassados, pressupondo é claro que até à data desses jogos o Porto não quebre fisicamente (o aspecto preponderante nestes jogos). Depois, olhando a crónica timidez do Prof. Jesualdo, ou temos a sorte dos jogos em lances pontuais ou o óbvio será mesmo o desfecho natural – eliminação (sempre se sublinhe que atingir tal patamar é, em si, um grande feito, sem prescindir, no entanto, que a equipa do F. C. Porto podia ser mais potenciada).
É este o Arauto da Bola.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Soltos Respirares

Sempre adorei recostar-me e saborear os segundos que os outros ainda ocupavam; gostava (e confesso que gosto) da primazia… Pergunto-me o porquê deste culto social? Que particular mérito tem quem executa mais depressa? Sabemos, sem margem para dúvidas, que nesse executar apenas se distingue o lapso de tempo no efectivar daquele, um marco meramente físico, daí se perguntando, porquê distingui-lo?
Não raras as vezes, não se trata apenas de destacar a diferença na rapidez da execução, mas outrossim na celeridade do equacionar e resolver mentais… Nesse contexto, elogiem-se tais velocistas.
Todavia, como se alcança toda uma encosta, senão lenta e de respiração funda? Como se beija uma mulher, senão saboreando todo o seu lábio? Como se ama uma mulher, senão rindo, chorando, sofrendo e comemorando, tudo na inerente necessidade da vasta sequência temporal? Elogie-se, destarte, duplamente tais fundistas. Até o futebol nos ensina isso, atribuindo sempre o título de campeão nacional à mais regular das equipas e não ao mais vistoso dos futebóis praticados.
Em tudo, a dicotomia entre o pico e o planalto, como se este não fosse ponto alto bastante…
E porquê esta música a ilustrar as presentes frases? Além do inquestionável acerto da sua mensagem o erro do autor na sua literalidade. Dúbio? Então, certo na sua pluralidade significativa…

Horizontal Vida

Finda o ano, no certo correr do tempo;
Transita de sete para oito,
No mais, uma ordinária segunda para terça,
No menos, o tempo perdido que esvaneceu…

Em pleno erro de não saber ser,
Vivo no decurso do Tempo,
Espero um forte relâmpago e um intenso ecoar de trovão,

Enfim, sou um vulgar humano,
Atirando ao destino a sorte da felicidade,
Aquieto-me num longo suspiro,
De um cansaço que nem vivenciei.

A ambivalência do engenheiro e do filósofo;
essa bi-dimensionalidade do certo cálculo e do acto criticado;
a certeza de palas ou o hesitar da escolha;
ao meio, no sempre certo plural de tudo…

Eis, pois, o desfecho sempre mutável.

sábado, 1 de dezembro de 2007

FUTEBOL

Num mundo de impessoais vivências,
Espanta-me o fenómeno global da Bola,
Haver um denominador comum em tantos dias de egoísticos afazeres,
Como pára o tempo, naquelas duas horas de jogo…

Naturalmente que há os desalinhados, sempre os haverá,
Só reforçando a pessoalidade e voluntariedade da crença de quem assiste.

E se os intérpretes do futebol nos fascinam com toques de majestosa subtileza,
Toques de infinita variedade no esférico,
Há outra força além relvado, além estádio, além nós;
Deságua no alto duma identidade, regional, nacional,
Mas indubitavelmente colectiva.
Guerras de povos ou civis, dessas almas de ser…
Assim são as horas de Mundiais e Europeus e jogos demais.

À bola que, de tão plural que é, todos podemos jogar.