segunda-feira, 28 de maio de 2007

PAIXÃO

Aguda, dolorosa e prazerosa
Assim é ela quando me percorre,
Agora parada no tempo
Espero que nasça e me renove.
Não espero, procuro-a,
Chego-me e afasto-me de ti
Porque assim tem de ser,
Rio e choro, espero e procuro,
Ouço e falo, não actuo e critico.
Por ora vou dormir,
Sabendo, porque sinto,
Que tu me corres no corpo,
Na alma e em mim.
É onírico ter-te sendo isso efectivo.





EFÉMERO

Como o repentismo dum raio
Quando morre na superfície da Terra,
Cruzamo-nos na virtualidade de nada ser,
Acabámos beijados na doce percepção da magia.

Cada segundo contigo corre na pressa dum fugitivo,
Cada dia sem ti flutua lento sem encontrar a foz,
Sei da celeridade imensa que nos marca,
Mas sei, e muito, do gosto da tua pele e da marca do teu olhar.

Abro a minha imaginaçao,
Recordo a força da firmeza insistente do jogo contigo,
Quero ganhá-lo mas posso perdê-lo,
Feliz fico apenas por o termos jogado.

Perco-te nos dias, nas coisas que fazes,
Chamo-te mas respondes-me desfocada,
Pergunto-me o que fazer para tu me deixares ser,
Apenas ser perante ti, sem mais que o meu coração possa querer.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

ANÁTEMA TEMPORAL [para outros, O RIO]

Na sequência de um repto dirigido pelo ínclito Amandio Sereno, consistindo na continuação de um texto por ele iniciado (confrontar www.tectofalso.blogspot.com, no qual está publicado o ínicio do texto), publica-se agora e virtualmente o desfecho que entendi criar:




Foi, de facto, foi. Na pequenez da sua sapiência, evocou a colecção de livros sobre as várias batalhas do desfecho da II.ª Grande Guerra (o seu pai fora ardina e, imagine-se lá, num devaneio futurista dum editor de jornal – um tal de, hoje extinto, “Comércio do Porto –, aquela colecção havia sido oferecida e o seu pai, ao fim de um dia de trabalho, guardara-a, resto de um qualquer jornal comprado, tendo, o seu adquirente, repelido tal colecção – talvez fruto de algum ódio pelos cemitérios ou não é isso o anti-semitismo?), mormente a bela da entrada na Normandia, o ocidental Dia D, 6 de Junho de 1944 e fez-se à ponte ou, em boa verdade, à água, à água de terra e de muitas raízes e ramos e outros caules…
Primeiro pé posto, o direito pois claro, ou não fosse ele destro; segundo, o pau firmado, em posição finca-pé (não sei qual é, mas também no sexo há uma eterna vontade em variar e criar), dum qualquer jeito no invísivel chão do piso da ponte; e temos o primeiro meio metro de dez percorrido. Enquanto busca o leitor a próxima frase, já o “Ti” David estava do outro lado do rio… Ofegante, estouvado e completamente ensopado em água da chuva (não me digam que queriam canja ou açorda caída do céu?), o velho levantou-se (então não perceberam que ele atrevessou tão depressa a ponte porque caiu naquela torrente de água que a cobria e acabou arrastado para a outra margem…), sacudiu-se e foi para casinha, pensando: ­- Espero que o comer seja porco assado! De seguida, lá pelas 22h36, debando para o centro de saúde a ver se arranjo vaga para as consultas e trato deste osso tibiotársico que devo ter deslocado quando bati nas paredes da ponte. Ou isso, ou bebo aguardente até não me doer mais!




Post Scriptum: igual repto Amandio Sereno celebrou com o autor do blog: http://hcpa.blogspot.com/... Assim, experimentem ler este desfecho alternativo.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

1. CAMPEÕES!!! || 2. Horizontalidade Noticiosa

1. Há a velha máxima que é fácil criticar (e, aqui, apenas no sentido negativo), quando as coisas correm mal. Pessoalmente, não tenho mais vontade de ostentar o símbolo do meu clube num dia de vitória, num dia de festejo de conquista duma Taça Uefa ou da Champions do que num dia herdeiro de derrota, como a de ontem... Caminha fatalmente este meu Futebol Clube do Porto para a vitória do campeonato; fatalmente porque assim parece há muito destinado, carreando a gravidade da vantagem pontual de anteriores jornadas (sim, já desde o período natalício), porém fá-lo muito sofregamente, muito retraidamente... Cedo, confesso, eu que aplaudira a vinda de Jesualdo Ferreira para liderar a nossa nau; admito que Co Adriansen não me convenceu, pese embora o campeonato e taça conquistados, pese embora momentos de espectacularidade futebolística de elevadíssimo quilate, pese, até, maniacamente avento, ele pudesse ser perfeito (nos bastidores do futebol dizem-se muitas tolices - já as fazem até diante das câmaras e jornais -, mas uma dessas tolices eu gostaria de ver investigada: então não é que o tal sr. holandês, quando considerava que a entrega, aplicação dos seus pupilos não era a melhor, até os privava de comer segunda vez? Ou que os jogadores só poderiam comer depois da equipa técnica? Enfim, técnicas militaristas... Verdade?Fica o rumor...).
Mas, tudo isto para afirmar que sou ferveroso adepto do Futebol Clube do Porto e grito isto hoje, dia de rescaldo da derrota em cidade da madeira trabalhada (Derrota?Claro que sim.), dia em que mais prazer me dá afirmá-lo. Não obstante, não partilho da máxima popular com que inicei este post: até porque faz pleno sentido criticar quando as coisas correm mal, já que se se atinge o sucesso, destituído de sentido está quem anuncia rumo diverso... Retomando o que já acima vos deixara antever, vergo a minha razão e lamento que o mister Jesualdo não seja capaz de integrar em si e nos seus jogadores a desmedida bravura do estado de alma portista... São vários os exemplos do claudicar em jogos importantes, desde os do campeonato aos da Liga dos Campeões.... Consequência? Neste fim de campeonato, em igualdade pontual com o Sporting Clube de Portugal, ganham estes últimos... Aplaudo-os ou não tivessem eles um excelente meio-campo ofensivo e frente de ataque, sendo que o João Moutinho mais recuado torna bem razoavel o meio-campo defensivo. Então, João Moutinho, Nani agora recuperado, Djaló mais acutilante, um Romagnoli finalmente adaptado e um Liedson sabido contabilizam cinco excelentes jogadores (metade dos dez de campo)... Parabéns, pois, para os verdes da capital e para o merecedíssimo segundo lugar a concluir dia 20 de Maio.
Em conlusão, uma última nota ao meu F. C. Porto (e desculpem este saltitar temático, mas foi assim que discorri): ouvem-se sussurros escritos de que o Jesualdo poderá sair; oxalá se confirmem e haja a aposta na mesma receita que trouxe Mourinho até nós. Não sou apologista do sonho das repetições e de narrativas iguais, mas porque não o nosso Domingos Paciência? Parco em experiência? Já nem digo atentem no Mourinho, mas reparem no Paulo Bento - só treinou os juniores leoninos uma época e o Domingos, salvo superior correcção, leva duas da ex-equipa B do Porto e uma de União de Leiria...
2. Completamente ao lado, permitam-me a insensibilidade e irritação com os nossos canais informativos. Televisões e imprensa escrita. Não falo tanto da rádio, já que não sou assíduo ouvinte, mas é profundamente pobre um país jornalístico vestir-se das mesmas letras: MADELEINE... Decorreram já mais de 264 horas (11 dias) sobre o seu desaparecimento e continuamos na salóia ingenuidade de a encontrar ou, pelo menos, assim nos vendem as agências noticiosas esta peregrina e idiota esperança. Rio-me para fugir ao desespero de imaginar que o Ministro dos Negócios Estrangeiros, em cimeira da União Europeia, é questionado e responde acerca dalguma eventual conversa com a sua homóloga britânica, pergunta igualmente feita a esta última. Tudo isto sabem porquê? 27 de Dezembro de 1703: Tratado de Methuen: num português bonito, início da mais antiga aliança entre países ou, num português áspero e frontal, início do adágio "...para inglês ver." Até admito que não seja, mas não consigo perder a ideia de que este caso é mais um exemplo típico do quão pequenos somos: abominamos a concorrência interna, no sentido positivo do termo, apenas instingando o seu lado negativo (é muito típico dos nossos empresários a resistência a alianças, fusões,a um certo associativismo económico interno) e, perante os olhares internacionais aparentamos uma magnitude que internamente não aplicamos. Ser português é isto, não ter para nós, mas para os outros...

sábado, 5 de maio de 2007

C. M. L. e Outro

A sigla engana... Não, não é a Câmara Municipal de Lisboa; outrossim, não será Como Mandar em Lisboa; no meu singelo sugerir, leio nela Como Minar Lisboa... Neste jogo político, judiciário e de vaidosas pertinácias, adormecem os destinos da Câmara, os projectos que aguardam execução e as ideias que aguardam projecção... No mesmo instante temporal, vivem os anónimos que, per si ou em núcleo familiar, vencem ou sucumbem às agruras diárias e, cansados, acordam no dia a seguir...
Invocar-se-á a presunção de inocência até trânsito em julgado (ou, antevendo esse momento, poderia dizer: esperar Lisboa morta por paralesia executiva), mas eu invoco a Mulher de César. Diz o Povo:"À mulher de César não basta ser, tem de parecer."... Replicarão outros: Então serão os meros procuradores do Ministério Público (atente-se que, latentemente, este "meros" tem muita admiração e respeito, não necessarimaente pelos próprios...), enquanto responsáveis pelas investigações que ditarão quais as pessoas idóneas para o desempenho de cargos da "res publica"? Não pode um partido, instituição supostamente tida por auto-determinada, reunir e deliberar retirar apoio ao candidato, que apoiara em campanha eleitoral e em cerca de dois anos de mandato?Tudo pode, meu povo...
Ética? Honra e brio pessoais no admitir da parcialidade do ser humano? Haverá garbo e pundonor maiores do que o dar de cadeira? A entrega do poder? O orgulho de obra feita e dever cumprido? Este apenas um dos porquês da majestosidade da paternidade...
Aparte estas minhas considerações e com um moralismo despretensioso, e salvo o louvor pela presunção de inocência (que tal, já que tudo comporta excepções, porque não uma excepção à aplicação desta presunção? Tal presenução poderá ter plena e perfeita aplicação até ao momento em que colida com os interesses púlbicos, de protecção de instituição tão importantes como uma Câmara Municipal, sempre afirmando que a não aplicabilidade da presunção de inocência acarreteria, apenas, com a constituição de arguido, uma suspensão provisória do cargo - sempre se lembrará a necessidade da chancela, neste caso, de um juiz de instrução, mas dadas as grandezas em jogo, também isto, se terá por perfeitamente pacífico... - esta, uma solução a repensar e adequar), mas salvo essa presunção com que credibilidade se senta alguém como responsavel máximo da capital de um país???
Nota-se muito neste país, eventualmente noutros, o rabo pesado... Não se trata de nenhuma referência à inexistente ou deficitária actividade desportiva das mulheres portuguesas e consequente celulite rabial (dado o fenómeno de terciarização da actividade económica), não... Cinjo-me à força gravitacional que deve pender em cima dos ombros de muitos nossos políticos, na hora da honra e do assumir da nobreza de carácter, que sempre olvidam ou, mesmo desconhecem...
Numa meia leitura, enquanto escrevo, sinto triste este texto, maldizente e profundamente negativo... Como emergir? Eleições, indubitavelmente, eleições, pese embora não se adivinhem nomes para tal... No PS, João Soares? António José Seguro? O Sócrates que se emaranhe nesta questão, já que a concelhia de Lisboa é duma profunda apatia... No PSD? Santana Lopes e a inesgotável animosidade com o gnomo do Marques Mendes não lhe permitirá tal avanço... Paula Teixeira da Cruz? Desculpem, é mulher e o gnomo não é assim tão louco, sendo que de resto, confesso-me pobre para aventar mais nomes... Uma coisa é certa e eu desde já arrisco antecipar: embora muito pugne o Carmona para aguentar a canoa (para barco falta muito), estando a lutar perdidamente para colher o apoio dos Vereadores Suplentes e Independentes, a presidência da Câmara de Lisboa irá mesmo a votos...O mais engraçado, novo palpite meu, será ver o Carmona candidato independente e a perder...Com a direita partida, cds, psd e mais Carmona, três candidatos e talvez uma esquerda unida - CDU e PS - (ou já aprendeu a CDU, de vez, que necessita de se juntar como fez no tempo do João Soares), teremos um socialista no resto de mandato... Ao menos que arrume a casa...
Saltando à Madeira e ao fascismo económico dos apoios regionais às várias empresas, quem é permite que o mesmo ser que provoca eleições regionais se possa recandidatar? Eu até iria buscar o Código Civil e a alteração das circunstâncias: quando o AJJ foi eleito, foi-o num determinado quadro político e legal, que se alterou, mormente com a nova Lei das Finanças Regionais... Será isto suficiente para se poder falar num facto que sustenta o rasgar do Contrato Social e que, não bastante, permite que quem o rasga se disponha novamente a figurar como líder? E nisto dorme o meu país, dorme a Comissão Eleitoral que certamente se debruçou sobre a legitimidade dos candidatos e nada obstou... Vaie-se pois tal Comissão e seus ignóbeis e abjectos membros... Abuso de Direito? Não configurará um abuso de direito a recandidatura? Resultado: os maiores gastos eleitorais de sempre... Circo, circo para este povo.