domingo, 13 de abril de 2008

A ALMA

Inexiste no social. Há muito que pereceu, coabitando sem corpo o vasto mundo dos terráqueos. Se o soubessem, rotulariam-no de extraterrestre, aberração ou louco anómalo. É uma brisa, em forma de serpente, voluptuoso no seu movimento, sem com isso inspirar qualquer desejo, porquanto desconhecido (Gianna Nannini talvez o nomenclaturasse de “Meravigliosa Criatura”, forma bem elegante de o imaginar).
Pergunta-se se há-de desfazer a barba? E domar o cabelo? Adiantará? Vestir a camisola preta acima dos jeans justos, em vida femininamente elogiados? Ao som de um escape de carro potente, em aceleração na rua, investe no casual arranjo do seu corpo, contrabalançado com a roupa cuidada que exibe.

Sai. Em instante de tempo e aparte de assunto, plana por entre uma multidão de revoltados. Cumulam todos eles a qualidade de professores do ensino público, excepção se faça ao superior, e clamam, desajustados, medidas parcelares, deslocalizadas e, em muito nada, melhorativas da política da Ministra.

Foi a maior manifestação do todo sempre destes pedagogos (segundo um inquérito recente, são a classe profissional na qual os portugueses mais confiam), cujo desfecho foi um brilhante acordo na madrugada de sexta para sábado passado. Ademais e sobre isto, zero na evolução da educação em Portugal ou, em bondoso ajuizar, meio porcento de evolução: precisam-se de novos métodos.

Nestas alegadas meias vitórias, de horizontal permanência, nada se atinge que não a mera ocupação do tempo. Em verdade, em rigor de mente despida, ninguém se diz, sente ou mostra. Na perversidade da mente, o mais cru dos pensamentos é rejeitado, como se o absoluto, o ser, em só forma, fosse censurável… Olvidam a censura como significado que exige relação e olvidam, em consentâneo, aceitá-lo. Ele que só plana, não perturba e até alguém ama.
Suspiro!

1 comentário:

Amândio Sereno disse...

Mais um belo texto com a singular marca Vicentiana.