terça-feira, 8 de abril de 2008

A BASE DE SER

Chegar e arrebatar; no instante de entrada, o reunir, aparentemente não cúmplice, de diversos olhares laterais. Na sua humana e vulgar mediocridade, duvida-se da bondade de tão fortes setas visuais, porventura assentes no colectivo momento e, por isso mesmo, nada fragilizadas no retorno daquele, numa infrutífera tentativa de reposta.
Assim badala a noite, ou o dia, num qualquer lugar de sedução; sempre se diga, para os mais incautos e inflexíveis, que a referida sedução não se circunscreve à heterosexualidade, mas a toda e qualquer relação humana. Tocará um Quaresma que, tão suavemente carrega, entre a relva, o sagrado esférico; atingirá um “parlamentar” Sócrates que, por mais questionado, contrariado, desmentido e errado sairá sempre vencedor nos, hodiernamente, debates quinzenais do nosso Parlamento; e concretiza-se na singularidade de cada um de nós com o outro, na beleza do olhar reflectido, da reacção à nossa acção, ainda que meramente intencional.
Em sã loucura, o espelho isolado de casa. Nós e só nós. Quietos ou agitados, mas apenas em nós. Sem mais. Gostar de rir, agitar, tropeçar, rebolar e cair, levantar, rodopiar e tornar em nada, como se nisso se esgotasse o belo do sorriso. Ser para não ter ou não chegar, apreendem-me? Percorro a música e nisso me resido, desvairando em pensamentos perdidos de puro divertimento abstracto e sorrio no fim, esperando o que venha, sem recear a chuva.

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