Plana a leve ave,
E sofregamente se aquieta na rugosa nuvem,
Esperando a condensação daquela,
E o fenómeno da pluviosidade.
Desgosta-a, pois embora envolvente,
Imagina demais nuvens,
Imensos outros brancos poisios,
Porventura mais que o mero perfeito.
Nunca foi geógrafa, nem cartomante,
Limita-se, no correr dos dias, a colectar,
Experiências, coisas demais e acrescentos,
O âmago, que quis, à muito que alcançara.
Fora aqueloutra nuvem, na 1.ª estrofe mencionada,
Tarde, porém, o dia que o certificara.
Sonha a ajuda do Vento,
Tal qual eu sonho a ajuda do Tempo,
Volta Nuvem, torce-te e recebe-me,
Sou o teu destino.
segunda-feira, 24 de março de 2008
Música "Ad Eternum"
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1 comentário:
"Sem dizer o fogo – vou para ele. Sem enunciar as pedras, sei que as piso – duramente, são pedras e não são ervas. O vento é fresco: sei que é vento, mas sabe-me a fresco ao mesmo tempo que a vento. Tudo o que sei, já lá está, mas não estão os meus passos nem os meus braços. Por isso caminho, caminho porque há um intervalo entre tudo e eu, e nesse intervalo caminho e descubro o meu caminho.
Mas entre mim e os meus passos há um intervalo também: então invento os meus passos e o meu próprio caminho. E com as palavras de vento e de pedras, invento o vento e as pedras, caminho um caminho de palavras.
Caminho um caminho de palavras
(porque me deram o sol)
e por esse caminho me ligo ao sol
e pelo sol me ligo a mim
E porque a noite não tem limites
alargo o dia e faço-me dia
e faço-me sol porque o sol existe
Mas a noite existe
e a palavra sabe-o."
António Ramos Rosa
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