sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Toda a Verdade

Lisboa – Dakar 2008
Tudo a postos para arrancar a maior caravana do mundo. Atravesso o pensamento e julgo não cair em erro ao classificar a caravana do Lisboa – Dakar como a maior caravana do que quer que seja… São 600 equipas, jornalistas, organização, enfim, um sem fim de tudo.
Cancelaram. Quando? Na véspera, não fosse alguém não estar a postos para a partida. Querem o motivo? Eu dou. Seguradoras. Seguradoras Francesas. Após as recomendações do Governo Francês, baseadas nas informações das Suas Secretas, que interceptaram telefonemas de membros terroristas da Al-Qaida, a organização francesa do Lisboa – Dakar decidiu cancelar a prova. É absolutamente monstruosa a rede de patrocínios, de investimentos que se perdem e não obtêm o respectivo retorno… Até a taberna do “Ti Chico” em Portimão, que tinha encomendado trinta e sete grades de cervejas, vai ficar com o stock cheio, a aguardar melhores bebedeiras.
Um valor inquestionável emergiu. As vidas humanas? Não, as contas bancárias das seguradoras francesas que cobrem/asseguram os riscos inerentes a uma prova deste tipo. Estão no direito delas? Até estão, pela alteração excepcional das circunstâncias no qual negociaram (vide Cód. Civil), mas custa. Se já frusta de forma tão evidente os vários pilotos, dói-me ficar privado este ano das imagens deste extraordinário rally e tudo, tudo por meras ameaças terroristas…
Como sempre, em mais um meu apanágio da liberdade, porque não colocar na disponibilidade e esfera decisória dos participantes tal risco? O eterno paternalismo organizativo é salutar, mas ao ponto de se cancelar uma prova, com base em ameaças…? Já nem discuto o cancelar de certa etapas ou o rápido re-desenhar dalgumas delas, não discuto porque não acho justo. Agora, injusto é privar-nos desta prova, quando tantos actores se predispunham a correr tal risco. Será justo permitir tal exposição? Sim, a vida humana é inviolável, mas é igualmente indelegável. Ao risco, pois!

Petróleo
Veiculam alguns doutos sapientes génios que, pasmem, nos últimos anos as reservas de petróleo aumentaram… Diz que se descobriram uns quanto mais poços de petróleo… Acredito, mas a desinformação é tão quotidiana, que não se deve fechar os olhos nem à escuridão.
Em breve, deverá o mercado de Londres atingir, como já aconteceu na Bolsa de Nova Iorque, os $ 100,00 por barril… Analistas há que afirmam sem hesitar: durante os próximos cinco anos manter-se-á esta escalada do preço do petróleo. Li há dias que em cada hora de energia que consumimos (eléctrica, entenda-se) cinco minutos são provenientes de fontes renováveis, mormente da eólica. Aplauda-se, mas reinvista-se bem mais neste sector, sobretudo aproveitando a costa portuguesa e a força das ondas.
Há, concomitantemente, a concreta questão dos carros, “always oil addicted”. Os híbridos são pouco atraentes aos olhos do público e, confesso, aos meus outrossim, mas, como sempre na Humanidade e na superação das crises, tudo se recria. Sem alarmismos, sem sequer ousar conjecturar um associativismo maior nos países produtores de petróleo (imaginem os países sul-americanos unidos aos países do Médio Oriente), sem hipotizar que os EUA se dedicarão ainda mais à conquista do ouro negro (pela via das armas), espero um atitude mais firme da nossa União Europeia, agora eventualmente mais potenciada, com o renovado oxigénio dado pelo Tratado de Lisboa e um digno e inquestionável representante internacional dos 25. A aguardar e aguardar por muitos e largos anos (o que já não seria mau).

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