sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

GUERRA

Sumido o vigésimo século da era cristã,
Nele não se contornam as Duas Grandes Guerras;
Desde as trincheiras até aos ataques aéreos,
Pesam os heróis e suas histórias,
Deslembram-se os mortos, sem fim contado.

Rodem o Globo e, mofinamente, notem,
É geral o mal e universal o nojo,
É principesco o Amor
E de rei o Ódio.

Guerra? Espelhem o que somos,
Transpirem para os poros os interiores sentimentos,
Cheirem a negatividade e a descrença ao Outro,
Aí, nesse desequilíbrio, sobranceia a Guerra.

Matar com mandato,
Matar sob desígnio, endeusado ou nacionalista,
Matar, decidindo em instante reduzido,
A sorte do azarado inimigo,
No papel que troca conforme sopra o vento
E encontra, em guarda ou descuido, o hostil próximo.

Lutam-se domínios,
Prevaleceres, maioridades sem maturidade,
Teimosias e orgulhos, economias e riquezas,
Em tanto se resume a Guerra,
Em pouco se perde a Vida.
Rio da vã glória do guerreiro vencedor,
Exorto a fraqueza de mais um morto que nem choro.

E as Guerras Legítimas do Conquistador?
E de tantos outros que corporizaram Nações?
Não sei. Eis-me aqui, no Portugal conquistado, à custa da frieza de Guerras…
Justas? Ouso dizer não, ancorado na crença do homem maior e Universal.

No fim, Paz.
O eterno retorno, ainda que alterado.
Conforto para uns, aridez para outros;
Guerra, a mortal conquista,
Cedo nuns, tarde noutros, sem mais que haja.

2 comentários:

Amândio Sereno disse...

Tema complicado. Se calhar pedia outra forma e mais liberdade de conteúdo. Mas gostei do conteúdo. Agora desafio.te: porque não avançares com uma resposta.
Eu defendo que algumas guerras são necessárias, dentro de determinado contexto, como o bem referido exemplo das lutas pela independência ou construção de uma noção.
São pelo menos mais honestas do que estas cobardes guerras terroristas que grassam no nosso tempo.
Mas isto dava sem dúvida uma bela e longa conversa de café...

Ah,! Sim senhor, muito dedicado ao blog... Estou a gostar de ver (e de ler).

Amândio Sereno disse...

Errata: em vez de "noção" leia-se "nação". Sorry