segunda-feira, 18 de junho de 2007

PORTUGAL

Nas largas terras deste novo Mundo,
Que caminham para o seu encurtamento,
Vive Portugal e seus pátridas,
Vive o Mundo e seus descendentes.

Novas ordens, mais lauta variedade,
Tudo para, no fim como no início,
Não se alcançar o desejado.

A paz teima em ser uma palavra,
O amor e a paixão circunstanciais,
E o meu Portugal?

Fica na sombra, sem almejar ser o Sol.
Pessoa, o mestre, escrevera como quem por algo clama:
“– Falta cumprir-se Portugal”.

Anos volvidos, mortes acontecidas,
O mesmo medianismo fruto dum inexpurgável provincianismo.
Nem tampouco invejo Noruega, Suécia, Dinamarca ou Finlândia,
Nem ignóbil me faço e rememoro o Portugal de D. João V;
Não, só suspiro pela modernidade intelectual e o fim da apatia comportamental.

Irónico? Sim, deveras.
Até eu que ora escrevo,
Cedo e não me cumpro.

À barca, à barca, ao leme, ao leme,
Força no carácter e certeza no sentido.
Assim seja Portugal e eu também.

3 comentários:

Anónimo disse...

Pois. "Toda a gente critica, toda a gente tem muita pica, mas é na mesa do café que toda a acção fica" - já diziam os Da Weasel, grande autoridade intelectual nestas matérias.

Anónimo disse...

“Navegar é preciso. Viver não é preciso. Viver não é necessário, o que é necessário é criar.”
Eu diria antes: força na certeza e carácter no sentido...

Anónimo disse...

Não se alcansa o desejado porque não se sabe o que se deseja. Quem vive da mentira acaba, em primeiro lugar, por se enganar ao próprio.
A paixão é circunstancial. O amor, o verdadeiro Amor, jamais.
Não é provincianismo o que temos, é mediocridade. São duas coisas bem diferentes.
Sim, força no caracter - que falta a tanta gente - e certeza no sentido que se segue. Ou, mais tarde ou mais cedo, baterás com os cornos na parede.

Bem escrito. Gostei.
Pergunto-me se terá valido o que esperavas...